Vila do Porto, 20 de Novembro de 2015



Olá. Como tem passado?
Sei que não me irá responder nem precisa de o fazer. Só espero e peço que leia, escute a sua voz e repense as suas atitudes.
É com o máximo respeito que lhe escrevo e dirijo estas palavras, é com a educação e o carinho que me foram dados que me dirijo a si, como pessoa, e como segundo pai que para mim foi.
Ainda hoje não consigo perceber o mal que eu ou os meus lhe fizeram, não consigo perceber onde errei, ou o que podia ter melhorado como sua "filha".
Filha? Eu? Não. Não sou, mas tratou-me como tal, fui amada como tal e senti-me como tal.
Contudo, 18 anos feitos e tudo mudou.
Deixei de existir, deixou de se importar, deixou de querer a minha presença e de saber o meu paradeiro.
"Esta é a minha cruz e irei carrega-la para todo o sempre"

Segredos, magoas, tristezas e angústias por si ocultas. E que hoje possibilitam ou torna possível a compreensão das suas atitudes. Que mal lhe fiz eu? Será que me viu como uma substituta? Será que fui um meio para se redimir ou diminuir os seus pecados? Eu não sei. Só gostava de ter resposta a todas estas perguntas.
Lembra-se do favor que me pediu? "Não deixes de os visitar".
Eu não o fiz, continuei a estar presente enquanto a minha falta foi notada, enquanto fui valorizada e não fora julgada.
Sabia que muitas das vezes a nossa relação foi posta em causa?

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Há tantas perguntas e tão poucas respostas na minha cabeça. Não posso esconder a emoção que tenho ao dirigir-lhe estas palavras, apesar de tudo continua a fazer-me falta.
Quero agradecer-lhe o tempo que desperdiçou comigo, não me esqueço de cada minuto, de cada gargalhada dada, de cada abraço, de cada palavra. Para mim são momentos que me marcaram e sei que não voltaram a repetir-se, nem a dar espaço a novos. Por escolha sua.


Eu amo-lhe de qualquer jeito, 
de qualquer forma, 
e para sempre.

Luana