Simplesmente parei, ouvi-te, observei-te, na tentativa e esforço de, de alguma forma, tentar perceber-te.

É complicado quando és a única pessoa no meio da multidão que não é moldável. A situação piora quando percebem que realmente não te enquadras e não pertences a este lugar.

Quando simplesmente não aceitas o papel que te impingem — que comas e te cales, que te limites a sorrir e acenar ou que vivas apenas para manter as aparências.

Em tempos, deixei que assim fosse. E no dia em que pedi, gentilmente e de forma educada, o mínimo de respeito, a resposta do outro lado foi autoritária, mostrando que naquela mesa não tinha qualquer tipo de voto na matéria. O que, para infelicidade de muitos, é que na questão imposta a única pessoa que nela tinha algum poder de escolha seria eu (e fui). Afinal de contas, a minha vida, as minhas escolhas e as minhas atitudes só a mim me dizem respeito.

Houve quem dissesse que estava a ser egoísta, quando apenas não permiti que ultrapassassem o limite que finalmente impus.

Houve quem teve a coragem de me encarar, em frente a uma multidão, dizendo que não sou “perdida nem achada” na matéria. Essa pessoa, que nem controlo tinha sobre a sua própria vida, achou-se no direito de querer controlar a minha. A "ovelha negra" mostrou o que estava errado, deu a sua opinião, sendo criticada e até mesmo ameaçada de perder o que era seu. Esta imposição de limites, após essa situação, permitiu que no meu lar existisse alguma paz e se manifestasse apenas e só amor. Os tempos passaram, e a maior parte das discussões continuava, direta ou indiretamente, ligada à pessoa em questão. E, por mais que eu falasse ou dissesse algo a quem provavelmente deveria ser o meu amparo e proteção, a minha fonte de segurança, percebi que não era compreendida. Pior que isso, é descobrir que, afinal de contas, o “herói” é uma “heroína” — porque a única que tem poder de me proteger sou eu própria.

É tão gratificante quando não permitimos que dificultem a nossa vida para facilitarem a deles.

E é aí que o “não posso”, “não quero”, “não vou”, “não gosto”, “não tolero” e o “não me apetece” nos livram de tanta coisa — especialmente da energia negativa que viria daquela situação. Por vezes é cansativa esta luta interna para saber dizer “não”, mas quando finalmente o soltamos, fica tudo mais fácil.

Porquê sacrificar o nosso bem-estar para que o outro se sinta bem, quando, na realidade, quem abdicou de alguma coisa foste tu? Porquê insistir neste tipo de tratamento, quando mereces mais e muito melhor? Ou até mesmo, quando tu própria te proporcionas sensações melhores?

Quando se é altruísta, queres oferecer às pessoas o melhor que tens para dar, mesmo quando não recebes da mesma forma. Mas chego à conclusão que quero mesmo é que consigam o que querem de mim. Até porque fico de consciência tranquila por saber que fui, sou e dei o que podia dar.

A "ovelha negra" aprendeu a olhar para o seu umbigo? Não… Aprendeu que onde lhe roubam a sua paz não é o seu lugar. Onde não pode ser quem é, por não a aceitarem, não é o seu lugar. Onde tiver que se diminuir para caber numa caixa, não é — definitivamente — o seu lugar.

A "ovelha negra" está tão orgulhosa de saber que não é "branca" como as outras. É bom ser-se diferente e fazer-se a diferença.

É bom ser-se distinto e ter vida própria.

 


 


 By: Sofia F.